Nostalgia é meu sobrenome.

Essa postagem originalmente esteve [em 2018-05-14] em minha página criada no Medium — que abandonei depois que a rede se tornou paga e ter recursos premium, “bloqueando” a distribuição de textos autorais não pagos aos demais usuários. Trago-a para cá para manter o acesso livre e a todos.
Essa, em específico, seria a primeira de uma série — exceto que acabei não escrevendo as cartas seguintes, mas a ideia ainda existe.

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[Cartas que nunca entreguei… #1]

Oi.
Tudo bem por aí?
Espero que sim.

Acordei de um cochilo e me dei conta de que tinha sonhado contigo. E não foi um sonho ruim! Foi meio nostálgico — como as lembranças que tenho a seu respeito.

Sabe? Às vezes me pego pensando “onde foi que isso tudo mudou?” e não consigo chegar a uma conclusão.
Vai ver a vida seguiu. Vai ver não era pra ser. Vai ver um só era necessário na vida do outro até aquele ponto e… passou.
Ainda assim, me bate aquela nostalgia de “poxa, a gente era tão amigo…” e não sei como lidar com isso.

(Nostalgia é meu sobrenome.)

Sim, a vida separou, mas as lembranças ficaram e constantemente me deparo com várias delas ao longo da semana.
“Nossa, ela ia gostar disso!” ou “ela tinha razão, estudar na EBA é mesmo bem mais legal que ser da FAU” ou qualquer coisa do tipo. — Fora as vontades de conversar sobre religião, trocando ideias! Mas isso nem cogito mais, já que foi numa má-interpretação dessas que a coisa desandou à revelia da vontade.

Triste pensar que você me desconheceu a ponto de imaginar que um momento de desabafo meu, de “olha que legal, me achei nisso aqui que li! achei tão a minha cara que quero dividir com você!”, queria na verdade dizer “olha como eu sou superior a esses que vivem aqui nesse planetinha! olha como tem gente como eu que é melhor que os outros!”, quando isso nunca sequer passou pela mente.
E ter buscado referências pra embasar minha justificativa, num ato desesperado de “não, espera! não foi isso o que eu quis dizer!” só piorou as coisas, porque aí é que o angu azedou mesmo. A tal referência só funcionaria num contexto que nem deu tempo de ser explicado — em parte por minha total incapacidade de reagir imediatamente a questionamentos vindos de alguém que não entendeu aquilo que eu quis dizer (haha… acontece o tempo todo!), em parte por decepção mesmo.
Deixei pra lá… O que mais eu poderia fazer se desde então ninguém respondia mais, falava nada, se a conversa não avançava?

Pois é. A vontade de continuar foi engolida pelo eterno não-entendimento ao meu redor.
E, não, não é uma acusação! É só uma sensação de não-pertencimento ao que está à minha volta mesmo, como se não houvesse lugar pra mim junto a (praticamente) ninguém. Mas isso é outra história.
Então, não, não tive coragem de tentar mais uma vez. Pra quê? O fim seria o mesmo de sempre…
Vocês de um lado. Eu, do outro.

Tantas lembranças deixadas à margem, tantos projetos abandonados, tantas histórias não contadas…

Mas ainda bem que existem os sonhos, né?
Esses momentos de reencontro, em que há risos e aventuras juntos, sem preocupações, como era quando tínhamos nossos 18, 19, 20 anos…
São como aquele 02.02.02… Felizes assim.
Nesses sonhos, enquanto acontecem, a amizade ainda existe. As risadas, preocupações, companheirismo, a vontade de estar com o outro.

Como é que a gente pode/pôde deixar isso se perder?
Será que a gente era amigo mesmo?
Era, né?
Acredito que éramos, sim.

De qualquer forma… Espero que você esteja bem, que sua família esteja bem, que todos estejam felizes. — Como nos sonhos que tenho com você.
E um dia, quem sabe, a gente se esbarra por aí.
Senão, como dizem, vida que segue…

(E eu que aprenda a lidar com essa nostalgia! 30 e tantos anos e nunca consegui…)

Te deixo então um abraço apertado, como aqueles que a gente costumava trocar, e um beijo na pequena, com sinceros desejos que ela cresça bem feliz e saudável.

Com amor,

                                 Andy.


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Clique aqui para ir à postagem original no Medium @andyoliv5.

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